.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

AO MESTRE COM CARINHO


Era comum no dia dos professores levarmos uma flor, um presente, ou um cartão feito por nós com dizeres singelos. Tínhamos enorme respeito por nossos mestres.

Naquela época era indiscutível a ascendência positiva que a escola tinha sobre seus alunos, era seguramente a extensão do nosso lar e nossa educação estava segura e garantida.

Com o passar dos anos, e a modernidade no ensino, alguns fatores mudaram, e, diria que, foram mudanças que causaram uma involução. Mais tarde como mãe, e não mais como filha, eu via tudo de forma diferente, por mais que eu passasse a meus filhos os antigos valores por mim adquiridos no período escolar, eles tinham que acompanhar o processo evolutivo.

O dia dos professores continuava sendo lembrado, mas o carinho se fora, eu mesma comprava os presente que seriam levados, sob protestos pelas crianças ao professor, pois afinal de contas já não era mais um hábito entre eles. Nenhum desenho feito à mão com letras tortas seria entregue àqueles guerreiros involuntários.

Com os filhos já na adolescência outros problemas surgiram, sentia que havia um maior distanciamento entre pais e educadores. As regras foram aos poucos sendo abolidas, começando pela não obrigatoriedade do uso do uniforme, e com isso, declarou-se uma liberdade que eles não estavam preparados para enfrentar. Com pesar acompanhei a dificuldade de alguns professores que foram meus mestres, e estavam ensinando meus filhos. Foi quando comecei a entender o que era a vida de um professor.

Morando no Mato Grosso, reencontrei uma antiga amiga de colegial, e agora professora de escola pública. Fiquei triste ao ouvir os relatos que dela acerca de crianças que freqüentavam a escola pela merenda, que por vezes era a única refeição decente do dia, chegando ao absurdo de algumas se sentirem mal nas segundas feiras, de fome. Certa época devido à necessidades, meus filhos foram estudar em escola pública, foi quando foram apresentados às drogas, coisa que até então eu sequer imaginava a existência, era um assunto delicado e difícil de ser discutido entre pais e mestres, porém ainda controlável.

Hoje vejo que a situação da educação em nosso país é simplesmente caótica. Tenho acompanhado amigas que lecionam em escolas públicas e vivem afastadas, com depressão, com medo do cumprimento de ameaças que são obrigadas a ouvir de nossos jovens diariamente. Dizem não existir mais alguma forma de respeito, e que o caos é generalizado, perderam-se completamente os valores e com ele, o controle sob a situação. A quem imputar a culpa? Aos pais que hoje precisam fazer jornada tripla para sustentar um lar, aos professores mal pagos da rede pública de ensino por não poderem enfrentar os alunos que hoje vêm armados para as salas de aula? E quem responde então pelo desvio de verbas das merendas escolares? São estes pais cansados, estes professores aterrorizados? Quem afinal é culpado por toda esta desestabilização que tomou conta da educação neste país. A resposta está escancarada à nossa frente, pelos desmandos e negligência de nossos governantes.

Não existem vencedores nem vencidos nesta batalha, apenas os mutilados por um sistema corrupto e falido.

Ensinei meu neto a borrar a mãozinha de tinta e fazer um cartão à sua professora, na esperança de brotar nele a emoção de emocionar aquela alma digna que dedica seu tempo a ensinar-lhe as lições que ninguém mais tem tempo de corrigir.

1 Comentários:

  • ..e mesmo triste..parece k somos 1s velhinhas falando...mas "no tempo"onde estudei sempre desde k entrei p a escola ate k m formei...sempre houve respeito mutuo entre professor e aluno vice versa....hj esta 1 horror....respeito e coisa k n existe...para onde s caminha?????obrigado por + 1 lindo artigo

    Por Blogger maria tereza, às 30 de novembro de 2007 às 07:20  

Postar um comentário

<< Home