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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O FIM DO MUNDO

É isso ai, o fim do mundo esta próximo, pelo menos aqui na cidade em que eu moro, ele acontece todo ano exatamente nos 21 de dezembro quando se inicia o verão e a temporada de férias na praia... Gente é o fim do mundo mesmo. Você é obrigada a acordar as seis da matina ouvindo todo gênero de musica em um volume que chega a tremer as vidraças, moro ao lado de casas de aluguel. Eles chegam de ônibus fretado, aos montes e todos estudaram na mesma escola e tiveram a mesma educação, nenhuma. Rolo na cama um pouco mais tentando ganhar umas horas preciosas de sono para não acordar completamente azeda, tudo em vão. O estampido das latas de cerveja começa lá pelas oito e até a turma toda sair para a praia já são mais de dez, isso, se o sol der o ar da graça, porque se chover piora, além da musica ensurdecedora e da gritaria, ainda tem a fumaça do churrasco que rola o dia todo regado a muita bebida. Fim do mundo é sair de casa com uma cadeira básica de praia, a sacola de cremes e etc. e tal, caminhar duas quadras e quando chegar à beira-mar, perceber que não há lugar para sua modesta pessoa. A praia esta tomada por vendedores ambulantes, barraca de roupa, milho, pipoca, tatuagem, e se bobear até uma casa de câmbio. É de impressionar. Curiosa, decido ficar e apreciar a paisagem, que é praticamente nenhuma, pois a minha frente existem cinco camadas distintas que me impedem de ver além do meu nariz. Primeiro os carrinhos de milho cozido, pelo menos meia dúzia, depois tem uma gigantesca tenda com todas as ofertas baratas da Zé Paulino penduradas em cabides, colorindo até o olhar de um cego, vendedores de pipa, óculos, lembrançinhas, sanduiche natural. Depois desta, tem ainda pelo menos dois carrinhos de sorvete, dois vendedores de camarão “frito às 4 da manhã”, uma tenda de tatuagem de rena e por fim uma leva de crianças jogando bola, peteca, frescobol e mais sei lá o que... Quer dizer, ver o mar é pura utopia. Muno-me de paciência, passo um protetor, coloco o chapéu, estendo a toalha no chão e finalmente consigo abrir meu livro e tentar abstrair aquela loucura toda. Doce ilusão, antes de chegar à terceira frase, levo uma bolada na cabeça, uma onda de areia se levanta dos pés daquelas criançinhas, e me entopem o nariz. Bem, paciência, vamos tentar novamente, respiro fundo e desisto do livro, decido me sentar e relaxar, mas antes preciso ir ao mar, estou parecendo coxinha de padaria de tanta areia grudada no protetor solar. Dois passos em frente, três ao lado, pulo dois baldes um castelo e piso em uma pazinha de plástico, sigo em frente e com determinação consigo chegar até a água e me refrescar. Na volta desvio da uma dúzia de moças fazendo pose pra fotografia e ainda levo uma raquetada no meio das costas. É o fim do mundo. Pego minhas tralhas e decido voltar para casa achando que a aventura é mais perigosa do que imaginava, neste pouco tempo que permaneci na areia, vi crescer ao meu lado uma montanha de lixo que não estava lá quando fui ao mar, surgiu como por encanto e tinha um tudo. Fico imaginando como estará a minha praia no fim do dia, no fim da temporada, e pior, no fim do verão. Isso sim é o fim do mundo. Cristiane Campos 30/11/2012

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