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quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

PARQUE DE DIVERSÃO


Tive um sonho uma noite dessas, era uma noite escura e em algum lugar distante, luzes e uma suave melodia de flauta chamaram-me a atenção, fui perseguindo o aroma do algodão doce que penetrava minhas narinas, até avistar em meio a um deserto árido e quente, a magia de um parque de diversões.

Era tudo muito mágico, exatamente como em minhas recordações de menina, a musica saída de um antigo auto falante preso a um poste, que com sua lâmpada a gás, criava sombras fantasmagóricas no chão.

Porém aquele parque estava vazio, não se via crianças, nem o pipoqueiro com suas vestes brancas, tão pouco o palhaço com a matraca nas mãos chamando a atenção do público para o grande espetáculo da mulher barbada.

Estava tudo ali como sempre esteve, mas não havia mais alegria.

O carrossel com suas luzes vermelhas e cavalinhos dourados, que subiam e desciam lentamente ao som melancólico de uma valsa de Strauss.

Pareceu-me tudo menor do que eu acreditava ser, acho que é porque eu cresci e não cabia mais nos brinquedos.

Do trem fantasma ouvia-se um barulho assustador do velho carrinho a derrapar sobre trilhos enferrujados, desta vez não tive medo, já sabia que o que havia lá dentro era tudo de mentira. Também não achei nenhuma graça ao entrar na casa de espelhos, todas aquelas imagens distorcidas, também era mentira, eu já sabia realmente quem eu era.

Mais triste que a tristeza daquele parque vazio, foi a impressão que tive, de que na verdade quem perdeu a magia fui eu e não ele, todas as maravilhas que me alucinavam na infância, não passavam agora de uma vaga lembrança.

Que saudade da inocência de acreditar em toda aquela mágica.

Continuo a caminhar pelo parque, por entre as barracas de argolas e tiro ao alvo, paro diante da bilheteria e me espanto ao perceber que não tenho mais que ficar na ponta dos pés para comprar um bilhete, e lá dentro sentada em um banco alto, estava uma menina de uns oito anos, cabelos presos em longas tranças, e um sorriso inconfundível nos pequenos lábios entreabertos, aquele sorriso meigo e puro que somente os pequeninos possuem, me olha com seus olhinhos claros e límpidos, um olhar astuto de quem quer descobrir o mundo, e com um gesto lento que me era muito familiar, coloca o dedinho na boca pedindo silêncio, e diz em uma voz baixinha pra que eu não acordasse logo, porque ela não queria crescer.

Desperto com os olhos molhados e por um infinito momento fico deitada ouvindo a musica do realejo que ainda toca em meus ouvidos.
Sinto uma alegria quase infantil ao perceber que parte de mim ainda esta naquele parque, sentada no banquinho com longas tranças nos cabelos e teimando em continuar sendo feliz.

12 Comentários:

  • Linda Cristiane!
    Fiquei emocionada amiga. Lendo-a me vi também criança e no parque de diversões, da minha adolescência. Era tudo tão mágico!!! Pena que foi só um sonho!!!
    Beijos carinhosos!
    Neneca.

    Por Blogger Neneca Barbosa - Um ser humano em evolução!, às 10 de janeiro de 2008 às 13:20  

  • Nossa, Cristiane, me emocionei!!!
    Mas sinto que vc ainda tem "aquela" criança dentro de vc. Digo isso pela sua postura e sua maneira de interagir no orkut. Só pessoas, com alma como a sua, conseguem ainda escutar o realejo.
    bjO

    Por Blogger Regina Leopardi, às 10 de janeiro de 2008 às 13:37  

  • Olá amiga Cristiane!
    Suas crônicas são sempre interessantes e criativas!
    Parabéns mais uma vez!
    Também sinto saudades de quando era criança e sua crônica me reportou aqueles tempos!
    Abração!

    Por Blogger Unknown, às 10 de janeiro de 2008 às 16:17  

  • .....m senti neste sonho..talvez pl fase k atravesso...m comoveu...parabens....amiga....nos delicie sempre c s artigos!!!!bjos

    Por Blogger maria tereza, às 10 de janeiro de 2008 às 16:33  

  • Sua crônica só faz bem.
    Gosto das lembranças da infância.
    Voce consegue reviver os momentos
    que marcaram a nossa caminhada.
    Nada como ter uma base sólida,
    Essa base é que nos faz teimosos
    na busca da felicidade e sempre buscando o nosso passaro azul.
    A leitura do seu conto deu um gosto
    de quero mais.
    Acabou a pipoca?
    Deus continua te abençoando.
    Parabéns!
    Beijos.

    Ana Maria

    Por Blogger Ana Maria, às 10 de janeiro de 2008 às 18:19  

  • muito fundo em mim. Quantas e quantas vezes sinto exatamente o q vc narrou.Obrigada.E como se vc tivesse escrito p/ mim tb.Pra falar a verdade, vc me fez chorar.
    Q Deus continue a te abençoar com esse dom maravilhoso.
    Bjos.
    Malu

    Por Blogger Malu Almeida, às 11 de janeiro de 2008 às 08:32  

  • Cris, lindo, lindo, bravo, amei esta crônica, como sempre me emocionando com suas crônicas. Bjo.

    Por Blogger Cristiane Aguiar, às 11 de janeiro de 2008 às 09:27  

  • oi querida amiga! quando li sua crônica e como se eu estivesse entrado em uma maquina do tempo que me levou denovo para a minha infância. adorei! parece que que foi escrito para mim. beijos te adoro.

    Por Blogger Unknown, às 11 de janeiro de 2008 às 14:40  

  • Oi amiga, consegui ir ao parque junto com vc... por momentos inesquecíveis andamos juntas, sentindo as mesmas emoções e
    tendo as mesmas impressões, sustentadas pela fantasia que as nossas lembranças nos trazem.
    Que bom que nem todas as lembranças se desvanecem!... Assim, por alguma alquimia deixamos de ser adultos e voltamos a ser crianças...
    Um abraço fraterno e bjs no seu coração.

    Por Blogger Unknown, às 13 de janeiro de 2008 às 05:52  

  • Lindo Cris!!! Que dom vc tem de me transportar junto em seus devaneios!! Beijo!

    Por Blogger Maria Ercília, às 16 de janeiro de 2008 às 11:52  

  • -------parabens!!!pl tela tb!!!!!!bjocas

    Por Blogger maria tereza, às 17 de janeiro de 2008 às 14:57  

  • Cristiane!

    Seu trabalho com pincéis é fantástico mas sua mente brilha tanto quanto as cores que nele apresenta.Parabéns!Beijos

    Por Blogger Tulia Campello, às 31 de janeiro de 2008 às 17:45  

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