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sexta-feira, 9 de maio de 2008

DIA DAS MÃES


“Mamãe, mamãe, mamãe
Eu te lembro o chinelo na mão
O avental todo sujo de ovo
Se eu pudesse, eu queria outra vez mamãe
Começar tudo, tudo de novo”.

Lembro-me que a musica era mais comprida, mas esta parte recordo-me bem, minha mãe não vivia com avental sujo de ovo, mas o chinelo na mão era de praxe para poder dominar as quatro crianças traquinas que rodeavam suas pernas o dia todo a pedir alguma atenção.

Lembro-me com tanta clareza de sua rotina exaustiva, desde o amanhecer até o beijo de boa noite, os banhos na grande bacia de alumínio, onde ela agachada esfregava com uma bucha trazida do sitio de minha avó, os pés vermelhos de terra da criançada.

O quintal de nossa casa se dividia com os vizinhos por uma cerca de madeira, aonde as comadres trocavam tomates e frutas que cresciam no quintal.

A vida tinha lá suas dificuldades certamente, mas como éramos felizes em nossos brinquedos primitivos, o tico-tico, o velocípede de lata, o balanço de pneu pendurado a arvore no meio do jardim.

Estas mães também tinham suas lutas e labutas, também rezavam diariamente aos anjos da guarda de seus filhos, também se preocupavam com o futuro deles, mas eram bem mais felizes do que muitas mães que hoje vemos estampadas nos noticiários, algumas a implorar socorro médico a um filho vítima da dengue, outra a chorar sobre o pequeno corpo de uma filha assassinada.

As mães da época da minha, tinham angústias diferentes das que eu tive como mãe, elas se preocupavam com o bem estar de seus filhos como todas nós, porém não tinham o fantasma das drogas a assombrar-lhes as noites como mães de minha geração tiveram. Não havia o medo de abusos sexuais com seus filhos como vemos nos dias de hoje, e tão pouco precisavam de psicólogos a orientar-lhes quanto à conduta educacional. Íamos sozinhos à escola, carregando nossos livros e pulando os ladrilhos da calçada. Não vejo mais crianças na rua indo à escola, as poucas que ainda perambulam desacompanhadas, provavelmente nem tem uma casa para voltar.

Então eu concluo que as mães de hoje são verdadeiras heroínas, tenho visto a maioria delas a se desdobrar entre os deveres da casa, e o trabalho fora dela, para ajudar a suster sua prole, e com o coração apertado continuam a rezar aos anjos, só que não apenas a pedir-lhes proteção à saúde, mas pedindo que os guarde das balas perdidas, dos assaltos, das drogas e das más companhias e de tantos outros males da vida moderna.

Que saudades de comer bolo de cenoura com chocolate na hora do café da tarde.

Hoje estas mães guerreiras assam o bolo na frieza da madrugada, antes de saírem de suas casas para mais um dia de trabalho, deixando aos anjos da guarda os apelos por proteção.

Parabeniza-las apenas um dia, seria injusto, merecem nossa admiração todos os segundos, todas elas, sem exceção, todas estas mulheres que se viram de repente diante de um quadro completamente diferente daquele em que foram criadas, elas continuam sujando seus aventais de ovo, e também de graxa, de tintas, de terra e tantas outras coisas.

“Se eu pudesse, eu queria outra vez mamãe, começar tudo, tudo de novo".

10 Comentários:

  • .....texto com amor e carinho!!!!como gostaria e estar a ser mae neste momento!!!mil bjos e parabens pl k nos da semanalmente

    Por Blogger maria tereza, às 9 de maio de 2008 às 10:29  

  • Que lindo, Cristiane! Vc me fez por um momento voltar aos tempos de menina.Senti até o cheirinho de minha mãe...emocionei-me, mas sinto-a sempre presente em minha vida.
    Parabèns pela sua sensibilidade e talento!
    Zilda Costa

    Por Blogger Zilda Costa, às 9 de maio de 2008 às 12:32  

  • Muito boa sua crônica, sobre as mães.
    Fez com que o filminho da minha infância, pasasse novamente.
    Achei muita graça,quando fala que o avental quase nunca estava sujo de ôvo, mas o chinelo, sempre na mão. O banho de bacia, que tomamos muito nas tardes no quintal.
    Voce escreve muito bem e comunica sua emoção com facilidade.
    Beijos e parabéns, no ensejo.
    Jaime Fernando

    Por Blogger Jaime Fernando de Souza, às 9 de maio de 2008 às 13:19  

  • "Um comentário a parte, Maria Tereza, quem é mãe, nunca deixa de ser mãe. Você teve o seu momento de mostrar a maternidade ao filho. Bruno, onde ele esteja nesse momento,sempre reconhecerá voce como mãe. Nossas vidas são entregues a Deus, e só Deus que nos dá o consolo. Você é merecedora do Parabéns por um dia ter colocado no mundo o querido Bruno".
    Cristiane lembrou bem do chinelo na mão das mães. Podemos contar as mães que nunca usaram o chinelo pra corrigir os filhos. A vida passada parece a mesma, as pessoas que mudaram,os chinelos andam mais empoeirado.Uma frase que me chamou atenção nesse texto, quando a autora diz " começaria tudo de novo ". É momento de reflexão, humildade, reconhecimento e coração livre para perdão.
    Parabéns amiga, por tá sempre querendo aprender.
    Parabéns pelo belíssimo texto que veio ao nosso encontro.
    Beijos nesse coração de mãe.

    Por Blogger Ana Maria, às 9 de maio de 2008 às 13:36  

  • Muito bom o texto, e eu, como padastro de uma criança, já começo a sentir todas aquelas preocupações que você descreveu. mas por outro lado, acho que a emoção de ser mãe deve continuar sendo indescritível. só não é preciso lembrar que a vida não se reduz a um quadradinho chamado TV, como muitas famílias se esquecem...
    Parabéns pelo texto, e que todos se inspirem no seu exemplo!

    Por Blogger Eduardo, às 9 de maio de 2008 às 14:02  

  • Que lindo Cris!! Me fez voltar à infância, que bom seria começar tudo de novo!! Beijos e um Feliz dia das Mães!!

    Por Blogger Maria Ercília, às 9 de maio de 2008 às 14:05  

  • olá querida,boa noite adorei bjs felicidades bjs wendell&caiofilho

    Por Blogger wendell&caiofilho, às 9 de maio de 2008 às 14:20  

  • ..Que lindo cris!!!
    Lembrei-me da bacia..olha que coisa alias tem muitas coisas a serem lembradas..
    Saudades..
    Só voce pra mexer em tantas coisas lindas...
    Congratulations!!!
    kissss

    Por Blogger Corina, às 9 de maio de 2008 às 16:24  

  • Cristiane
    Bela mensagem amiga. Ser mãe , nunca deixamos de ser, sou avó de 4 lindos netinhos, porém como ainda sinto falta da minha mãe. Hoje co 80 anos , lúcida e teimosa graças a Deus , e sinto saudade de como ela nos acompanhava no dia a dia , com medo dos erros, etc.
    Parabén amiga
    NIRA
    Para v. um lindo domingo de maio. Vou voltar sempre pois tens muitas coisas lindas que vem e toca la dentro em algum momento dos nossos corações!
    Temho um blog de artes , nos meus passeios cheguei até aqui e adorei.
    Visite-me quando puders aguardarei com carinho.
    http://niraartes.zip.net

    Por Blogger niraartes, às 9 de maio de 2008 às 19:57  

  • Parabéns Cristiane pela bela crônica.Como muitos também viajo no mundo mágico da infância.
    Um abraço carinhoso!
    Neneca

    Por Blogger Neneca Barbosa - Um ser humano em evolução!, às 12 de maio de 2008 às 12:24  

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