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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

PRIMAVERA

É tempo de florescer...
Tirar as geleiras da alma e respirar a pureza do orvalho novo que desce como bálsamo sobre nós.
Temos tido invernos menos rigorosos devido à devastação de nosso planeta, é sabido. Porém em nossas almas as estações permanecem inalteradas.
Temos nossos verões, estação interior que nos deixa incandescente de vida e ávidos por expor tudo que existe em nosso ser.
E temos nossos invernos, cheios de amarguras e tristezas transformadas em pontas afiadas do puro gelo da indiferença, é nesta estação mais fria de nossas almas, que reciclamos a vida, depurando os males e preparando o solo seco de nossos corações repletos de mágoas, em terreno fértil de esperanças e crenças na renovação.
Então é chegada a primavera de nossos dias, aonde colocamos fora toda erva daninha que nos consumiu na estação gélida e declarando aberta a temporada de plantio e colheita das flores que perfumarão todos os nossos dias futuros até um próximo inverno.
A diferença entre estas estações temporais e nosso interior, é que elas não necessitam necessariamente que seguir uma mesma ordem. Não escolhemos quando nosso íntimo decide hibernar, mas certamente temos o livre arbítrio de decidir o momento de despertar.
Acordar de um sono profundo muitas vezes leva certo tempo de adaptação. Não se sai de uma caverna escura sem tapar os olhos com o brilho da luz do dia, é um processo evolutivo. Primeiro acordamos, depois reorganizamos as idéias, fazemos aquela faxina básica na alma, varrendo tudo que foi triturado durante o longo sono, reciclamos algumas coisas que ainda podem ser utilizadas e outras definitivamente atiramos fora, e assim, vestidos de uma nova vida sairemos da toca e levaremos boas novas aos que ainda insistem em não querer vislumbrar as maravilhas desta nossa natureza humana.

Cristiane Campos
03/09/2010